Não sei como não priorizei esse assunto!
Uma palavra: CRAZY! Ops, redigi errado : C.R.A.Z.Y. ... Bem melhor.
Não, não tô dando ênfase a essa palavra. Leu corretamente. C.R.A.Z.Y. são as iniciais dos irmãos Beaulieu, personagens do filme que leva o mesmo nome: Christian, Raymond, Antoine, Zachary e Yvan
Assisto filmes quase que diariamente, e confesso que a muito não assistia algo do nível desse.
Imagine a cena :
no filme, 20 anos na vida de um moleque nascido em plena década de 60.
5 irmãos.
5 irmãos.
xixi na cama.
discos de vinil.
pai.
mãe.
sexo.
drogas.
david bowie.
jesus cristo.
jesus cristo dando pinta num bar gay.
Tirando o fato de este "moleque" ser o belíssimo Marc-André Grondin , que logo de cara já me deixou extasiada com sua cena dançando ao som de Space Oddity de David Bowie, com sua maquiagem (que hoje em dia estaria suuuuper poderosa), um raio desenhado no rosto, totalmente entregue a magia da música. A primeira de muitas cenas fantásticas deste filme.

O filme conta uma história curiosa. São dois casos de amor entrelaçados. O primeiro é um amor incomensurável de um pai por seus 5 filhos. Tão grande que o cega. Cria os filhos na doce ilusão de serem adultos perfeitos, comportados, educados como a época exigia. O segundo é o de uma mãe por um filho em especial. O filho? Zachary Beaulieu, ou Zac. Nascido no dia 25 de dezembro, a mãe o considera "seu pequeno menino jesus". Logo ao nascer, Zac é considerado morto por 15 minutos. Isso lhe confere um "dom" de curar pessoas, algo que Zac não aceita depois de adolescente, por considerar "anormal". Esse é um dos grandes conflitos pelo qual Zac passa. Mas não o pior. Na minha opinião, seria o homossexualismo.

Criado em uma casa onde todos abominavam "maricas", Zac sempre foi o mais sensivel, e tenta destruir essa imagem na adolescencia. Mas uma série de fatos o impedem. Em meio a muito sexo, drogas, e literalmente, rock 'n 'roll, Zac quebra barreiras impostas por ele, se castigando para conseguir estes feitos. Mais uma vez, em um desses episódios, ele é tido como morto durante 15 minutos num acidente de moto, drogado.

Influenciado pela época liberal, mas ao mesmo tempo rigida, ele cria independência, e com junto com isso, chegam as preocupações de o que ele seria dali pra frente. Daí “C.R.A.Z.Y.” ser menos um filme de afirmação, ou de segmento, e mais um inusitado romance (despindo a palavra de seus fins de reprodução humana). Zachary sacrifica-se pelo pai, que tanto admira, negando a si mesmo para ser aceito. Enciumado, ele rejeita o irmão mais velho Raymond, típico rebelde da época, que pouco se importa com o amor dos pais já que, por tabela, é isso a que ele tem direito mesmo. Menos focado em todos os membros da família, “C.R.A.Z.Y.” gira em torno da dinâmica entre o pai, Zachary e Raymond, um relacionamento repleto daquele antagonismo familiar que a maioria conhece muito bem.

Depois de vários conflitos internos em casa, ótimas cenas filmadas em slow motion, Zac vai para uma verdadeira cruzada em Jerusálem, não para buscar Jesus , mas para encontrar a si mesmo. E lá, em meio a uma boate, eis que surge um sugestivo rapaz, muito semelhante a Cristo, e ele resolve largar os pontos, e experimentar da fruta que tanto o atiçou por anos.

E gosta...
"O que me impressionou em “C.R.A.Z.Y.” foi perceber o esforço tremendo de um ensemble de atores brilhantes e de um diretor com tino impecável para o ritmo da narrativa convencional para transparecer, através do verniz de uma produção claramente bem cuidada (ie. custosa), o mesmo sentimento de uma VHS qualquer, aquelas das festas de quintal, esquecidas, que dificilmente serão revisitadas. Quando vemos Raymond partindo para cima de Zachary em câmera lenta durante um jantar, soltamos o mesmo riso das memórias do vídeo caseiro: um bocado envergonhado, mas uma vez ultrapassado o calor do momento, você não desejaria que fosse de outro modo. É muito difícil ser convencional. Porque é muito difícil ser aceito, isto é, verdadeiramente aceito. É muito difícil ter falhas. Ser perfeito não é esforço nenhum – e quem não quer se esforçar é viadinho."
Bernardo Krivochein
Bernardo Krivochein

Um filme FANTÁSTICO. David Bowie? Moço bonito? Drogas? Conflitos pessoais? Tabus? Sexo?
filme bom, pegue a pipoca e delicie-se .
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