Wednesday, 17 December 2008

Fim

É paralisante, aquela sensação de que um buraco imenso foi cavado em meu peito e que meus órgãos mais vitais foram arrancados por ele, restando apenas sobras, cortes abertos que continuam a latejar e a sangrar apesar do passar do tempo. Racionalmente, eu sabia que meus pulmões ainda estavam intactos, e no entanto, eu arfava e minha cabeça girava como se meus esforços não dessem em nada. Meu coração também devia estar batendo, mas eu não conseguia ouvir o som de minha pulsação nos ouvidos; minhas mãos pareciam azuis de frio. Eu me encolhi, abraçando as costelas para não partir ao meio. Luto para ter meu torpor, minha negação, mas isso me foge.

E, no entanto,acho que posso sobreviver. Eu estou alerta, sinto a dor - a perda dolorosa que se irradia de meu peito, provocando ondas arrasadoras de dor pelos membros e pela cabeça -, mas é administrável. Eu posso sobreviver a isso. Não parece que a dor tenha diminuído com o tempo; na verdade, eu é que fiquei forte o bastante para suportá-la.

O que quer que tivesse acontecido na noite passada - e quer tenha sido responsabilidade dos zumbis, da adrenalina, ou das alucinações -, me despertou.

Pela primeira vez em muito tempo eu não soube o que esperar da manhã.

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