Friday, 1 May 2009


May, 01

Já não me reconheço. Diante das tempestades da paixão, o meu espírito é como um mar enfurecido. Se alguém pudesse surpreender a minha alma em tal situação, julgaria ver uma barca mergulhando a pique, no mar, como se, no seu terrível ímpeto, a sua rota marcasse o fundo do abismo. 

Não veria que, no cume do mastro, vigia um marinheiro.
Forças impacientes, erguei-vos, ponde-vos em movimento; oh!, energias da paixão, ainda que o choque das vossas vagas conseguisse lançar a espuma até as nuvens, mesmo assim não seria capaz de vos erguer acima da minha cabeça; mantenho-me tranquila como a Rainha das Falésias.

Quase já não consigo estabilizar os pés; como ave marinha, tento em vão mergulhar no mar tempestuoso do meu espírito. E, entretanto, tal tempestade é o meu elemento, nela constuo como Alcedo ispida constrói o seu ninho sobre o mar.

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